Cartões simpáticos sempre se referem à
tristeza que a morte causa, mas não falam da raiva provocada por ela.
Entretanto, a raiva é real. E deveria ser: a morte é o oposto de Deus e
de tudo o que ele criou. Nós devemos odiá-la. Cristo a odiou. Dentro dos
limites do Evangelho, oposição à morte pode ser santa, purificadora e
construtiva.
Eu perdi meu pai de 58 anos para um tumor no cérebro, e isso me fez
mal. A morte inutilizou sua mente e seu corpo. A chateação que senti era
como fogo que me sufocava. Eu não consegui respirar até que coloquei
para fora lágrimas de raiva.
Mas eu descobri que, com o Evangelho, há formas de se controlar esse
fogo, para que eu pudesse purificar meu coração e acender um zelo pela
volta de Cristo. Aqui estão cinco formas com as quais eu enfrentei a
morte – e diariamente continuo enfrentando-a -, com uma oposição
centrada no evangelho:
1) Recuse-se a dizer que “a morte é o fim”. As
pessoas dizem isso nos funerais para tentarem fazer caber em suas
cabeças a magnitude da morte. Mas o fato é que isso simplesmente não é
verdade. A morte, para um crente, é apenas mais uma etapa, e não a
última. Desafie a morte recusando-se a dá-la mais crédito do que ela
merece. (João 12.24-25; 1 Coríntios 15.54-57).
2) Insista que o corpo no caixão é a pessoa que morreu.
Outra coisa que as pessoas falam em funerais é que aquele corpo no
caixão “não é a pessoa de verdade”, mas que ela está com Jesus. Já
aquela grotesca, rígida e cinza exibição no caixão está pronta para ser
descartada agora. Mas, se formos honestos, isso não é, de forma alguma,
reconfortante. Graças a Deus, isso não é verdade. O corpo no caixão
ainda é aquela pessoa a quem Cristo ama – um ser quebrado, separado de
sua alma, esperando, silenciosa, paciente e avidamente na terra e
juntamente com ela, pelo retorno de Cristo. Deus não vai abandoná-lo no
túmulo, nem devemos pensar que Deus já terminou seu trabalho com a carne
daquele corpo (Salmo 16.9-11; Jó 19.25-27; Romanos 8.11, 18-23, 29-30; 2
Coríntios 4.16-5.5).
3) Reconheça a derrota da morte nas mãos de Cristo.
Jesus afirma “possuir as chaves da morte e do inferno”. O seu amado pode
estar fortemente envolto nos laços da morte, mas a própria morte está
nas mãos de Cristo. Ele é quem vai nos tirar dessas amarras quando ele
voltar. Nós podemos ficar desafiadoramente pacientes, porque sabemos
quem possui as chaves (Hebreus 2.14-16; Apocalipse 1.17-18).
4) Lute contra o desespero pensando que ele está dormindo.
A Bíblia notoriamente dá nomes aos bois e não usa eufemismos tolos.
Mas, quando se fala da morte de um crente, a Bíblia casualmente a chama
de “sono”. Qual o motivo? O aguilhão da morte está bem longe. A morte,
para o crente, não é, teologicamente, mais perturbadora do que se
encolher debaixo das cobertas e ir dormir na presença de Jesus, até o
próximo alvorecer do seu retorno. (Salmo 90.14; 1 Coríntios 15.20; 1
Tessalonicenses; 2 Pedro 1.19).
5) Coloque suas esperanças no futuro. Uma das
melhores formas de desafiar a morte é colocar sua atenção além dela. Em
vez de desejar o passado, quando seu ente querido ainda estava vivo com
você, pense com mais frequência na ressurreição e na vida eterna.
Apresse a certa volta de Cristo investindo agora na vida que há de vir
(1 Coríntios 15.58; Hebreus 11.39-12:2; 1 Pedro 1.3-9; 2 Pedro 3.8-13).
Fonte: Reforma 21, por Hannah Ploegstra