O programa Na Moral, exibido ontem, com a participação do pastor
Silas Malafaia e representantes de outras religiões, além de um ateu,
promoveu uma discussão sobre o Estado laico bastante tensa.O pastor Malafaia protagonizou embates fortes com Daniel Sottomaior,
presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA). Logo
na introdução ao tema, Sottomaior falou a respeito de “banhos de sangue”
causados pela religião ao longo dos anos, e disse que a separação do
Estado e da religião se iniciou na Revolução Francesa. Em resposta,
Malafaia afirmou que os regimes políticos que optaram pela exclusão
total da fé na sociedade, a exemplo da União Soviética e países
asiáticos, é que protagonizaram alguns dos maiores genocídios da
história da humanidade.
A discussão acalorada e provocativa entre ambas as partes se seguiu
ao longo de todo o programa. Sottomaior afirmou que a Igreja Católica
tinha ligação direta e patrocinava a escravidão no Brasil séculos atrás,
fato que foi negado pelo representante católico, padre Jorjão, que
frisou que o cristianismo funciona como uma ferramenta de ética para o
Estado laico.
Malafaia seguiu no tema dizendo que “o Estado é laico, mas o povo não
é laicista. O povo tem religião, e todos nós, defendemos nossas
ideologias baseados em crenças e valores que temos, sejam elas
filosóficas, de qualquer ideologia, ou religiosas”.
O ministro Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF) afirmou que o faz do Brasil um Estado laico é ser “religiosamente
leigo”: “O Estado não pode patrocinar, não pode favorecer, nenhuma
seita, nenhuma confissão, nenhum culto religioso, embora ele assegure
proteção aos crentes”.
Bullying
O caso do estudante Ciel Vieira, que foi hostilizado por sua professora
e demais colegas de classe por ser ateu, foi usado como ilustração de
intolerância aos ateus. Comentando o caso, o pastor Silas Malafaia
afirmou que há insensatez em todos os lugares.
“Sabe o que é amigo… Em todo segmento da sociedade tem vagabundo,
ladrão, safado, maluco… Em tudo o que é lugar, inclusive na igreja
evangélica, no meio dos ateus, na Igreja Católica… Isso são os absurdos.
Nós não somos a favor.”, minimizou.
Crescimento evangélico
Pedro Bial questionou ao padre Jorjão o que estaria havendo com a
Igreja Católica, que tem perdido fiéis para os segmentos evangélicos. O
padre, bem humorado, disse que muitos fiéis estão buscando “outras
religiões” ao invés de afirmarem ser católicos não praticantes. “Então,
melhor que sejam bons cristãos do que mal católicos”, afirmou. O pastor
Silas Malafaia reagiu com um sorriso à resposta do padre.
Enriquecimento dos pastores
Bial destacou que há previsões de que até 2020, as igrejas
evangélicas agreguem a maioria da população brasileira. Dentro da
discussão sobre o crescimento numérico do segmento, o representante ateu
afirmou que a teologia da prosperidade funciona como um comércio, e o
resultado disso seria o enriquecimento dos líderes evangélicos.
Nesse momento, a irritação de Malafaia ficou evidente, e a resposta
do pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) foi em tom de
alteração.
“Você sabe que o preconceito é uma coisa interessante… As pessoas não
conhecem a vida das pessoas que estão na igreja, e ficam dando peruada e
falando asneira, como eu acabei de ouvir aqui, que o Evangelho tá
vendendo alguma coisa. Então quer dizer que todo evangélico é rico?
Porque se a gente vendeu riqueza e já tem 30, 40 anos vendendo riqueza,
então tem um bando de otários que continuam lá… Conversa, rapaz… O
Evangelho muda a vida da pessoa pra melhor. Prosperidade na Bíblia não
tem a ver só com grana não. Tem a ver com bem estar, felicidade”,
retrucou o pastor.
Fonte: Gospel+
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