Esta é uma daquelas coisas que sabemos ser verdade em um nível intelectual, mas esquecemos facilmente em nossa experiência pessoal. Esta verdade é evidente a partir das Escrituras. Na Oração do Senhor, somos ensinados a orar “perdoa-nos as nossas dívidas” e “não nos deixeis cair em tentação” (Mt 6.12–13). Dívidas e transgressões exigem perdão; tentação exige libertação. Elas não são a mesma coisa. Só porque você está lutando com a tentação não significa que você está atolado em pecado. A progressão espiritual no coração do homem vai do desejo, à tentação do pecado para a morte (Tiago 1.14–15).
Somos instruídos a
fugir da tentação, não porque já pecamos,mas porque no meio da
tentação é que desesperadamente nos sentimos como nós queremos. Se ser
tentado fosse em si uma marca da maldade, não poderíamos confessar que
Jesus Cristo “em todos os aspectos foi tentado como nós somos, mas sem
pecado” (Hb 4:15). É possível experimentar profundas tentações para o
pecado, e continuar sendo inocente do pecado.
Por que essa distinção importa? Por, pelo menos, duas razões.
Em primeiro lugar, muitos cristãos passam pela vida com um peso
de culpa e vergonha pelas tentações que parecem ser pecado, mas elas
mesmas não são pecaminosas. Pegue a luxúria, por exemplo. Um homem
viciado em pornografia está pecando. Um homem fantasiando sobre a
aparência de uma mulher está cometendo luxúria em seu coração. Mas e um
homem que percebe que uma mulher é atraente e, em seguida, hesita olhar
mais e pensar mais profundamente sobre o que acabou de ver? Essa é
provavelmente uma tentação e não um pecado. Pense em Davi e Bate-Seba.
Supondo que ele estava no telhado cuidando de sua vida, não era errado
Davi achar a mulher atraente. O problema foi que ele, em seguida,
indagou a respeito dela. Este desejo cedendo à tentação, é o caminho
para o pecado e a morte.
Por uma série de razões, devido ao mundo, a carne e o diabo, nós somos,
como seres humanos, tentados. Somos tentados a nos vingar quando alguém
nos magoa. Somos tentados guardar rancor quando alguém nos decepciona.
Somos tentados a ficar com raiva e impaciência quando nossos filhos não
conseguem se comportar direito. Somos tentados muitas vezes por dia,
todos os dias. Se confundirmos a contemplação do pecado e a atratividade
do pecado com o próprio pecado, vamos sentir uma culpa que não fomos
feitos para sentir e perder a compaixão de Jesus que devemos
experimentar (Hb 2.18).
Em segundo lugar, é importante manter a distinção entre tentação e
pecado para não desistir do combate da fé muito rapidamente. Por que
encarar tentações como pecado? E se Davi visse Bate-Seba com o canto do
olho, percebesse que ela era bonita, tivesse um pensamento rápido de que
ele poderia obter ela para si, mas, em seguida, pedisse a Deus para
livrá-lo da tentação? O que ele precisava não era chafurdar nas
profundezas do desespero sobre o seu coração concupiscente, mas de um
posicionamento forte contra a tentação muito humana que estava lhe
atacando.
De qualquer jeito, sejamos rápidos em arrepender-se quando pecamos em
pensamento, palavra ou ação. Peçamos a Deus que nos perdoe as nossas
dívidas reais. Vamos também orar com mais frequência e fervor “não nos
deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal.” O pecado e a tentação não
são idênticos, mas ambos são ameaças para o cristão.
Fonte: Cedido por André Nascimento Freitas no Reforma21
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