Existe um tipo de aranha, chamada viúva negra (foto ao lado),
que tem um comportamento bem peculiar: de tamanho mais avantajado que o
dos machos de sua espécie, ela depende deles para se reproduzir. Por
isso, aceita a corte do macho, estende a ele sua sedução e topa ter um
relacionamento. Mas basta o macho ter terminado de fecundá-la que a
viúva negra o agarra e o devora lentamente, com ele ainda vivo, deixando
apenas uma casca vazia e retorcida. Isso mesmo. Aquele que foi tão
importante em certo momento de sua vida simplesmente se torna seu
jantar. Imagino os olhinhos esbugalhados do surpreso e assustado
aranha-macho ao ver aquela de quem ele tanto precisava, que tanto quis,
que afinal acreditou ter vindo para resgatá-lo de uma vida de tristeza…
ser sua ruína final.
Pois em nossa vida existe uma viúva negra que age de modo muito semelhante. Seu nome é solidão (ou, em outros dialetos, carência afetiva).
Fato é que tenho visto tantos e tantos cristãos solitários e carentes!
Tão desesperados por preencher com alguém as lacunas que existem em suas
almas que acabam cometendo grandes erros, equívocos dos quais vão se
arrepender pelo resto de suas vidas – exatamente como o aracnídeo macho.
O
processo é relativamente semelhante na maioria dos casos. Começa com a
pessoa sentindo-se solitária, carente, incapaz de viver uma vida que
tenha sentido se nao houver alguém que preencha as lacunas que há em sua
alma. A pessoa não se basta a si mesma. Precisa de outro. “Não sei
viver só”, diz. A falta de um ente amado lhe é tão ensurdecedora que, na
ausência de um amor verdadeiro, acaba convidando para habitar em sua
vida afetiva alguma pessoa por quem nutre algum tipo de sentimento
benigno, seja uma amizade, um carinho, até mesmo atração física. Mas que
não é AMOR. Eis o início do erro fatal.
A corte se inicia. Os dois se aproximam. A pessoa vê naquele outro a
oportunidade de completar suas lacunas, seu vazio, sua solidão, sua
carência. Até mesmo enxerga nele a possibilidade de ser o pai (ou a mãe)
dos filhos que sonha ter. E o convida para entrar. Então, motivada não
pelo amor que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”, mas por
um vazio de solidão e carência, começa um namoro. É até gostoso, no
início. O outro te diz palavras bonitas, exalta suas qualidades, diz que
seus defeitos não importam, te chama de apelidos carinhosos, faz você
se sentir querido, acolhido, abraçado, acompanhado. De repente, a
sensação de vazio some, o outro te faz companhia, serenatas, te chama
de “meu amor”, preenche os espaços da sua carência.
Mas
o tempo, ah, o tempo…esse é implacável. Ele passa. E a sociedade tem
suas exigências! Ela cobra. Aquele que está ali ocupando uma carência e
tampando as rachaduras da solidão não pode ficar assim para sempre e,
mais cedo ou mais tarde, terá de ser guindado ao posto de noivo – e, em
breve, ao de marido (ou esposa). E, num dia qualquer, como um inseto que
foi se enroscando numa teia até não conseguir mais sair dela, você vai
acordar e descobrir que dorme ao seu lado, de aliança no dedo, alguém
que foi trazido a sua vida por um tempo para ser reboco de lacunas
vazias, mas só que agora ele não é mais isso: é seu cônjuge
pa-ra-o-res-to-da-vi-da. Alguém com quem você terá de dormir todas as
noites, entregar a ele seu corpo e sua intimidade, devotar-se
completamente, dividir as fotos de viagem, ver TV abraçado sob o
edredom, andar de mãos dadas, conversar sobre os pensamentos profundos
que ele tiver na cabeça, dar beijos longos e ardorosos. Estar junto na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de sua
vida, até que a morte os separe. Ali estará o pai (ou a mãe) de teus
filhos – que terão a cara dele (ou dela).
O dia chegará
Mas um dia (e esse dia chegará, meu amigo, minha amiga, já vi isso
incontáveis vezes, em especial entre evangélicos), deitada no
travesseiro da sua teia, você vai se virar para o lado e deixar lágrimas
escorrerem. Pois vai descobrir que aquele alguém muito legal que serviu
para aplacar a sua solidão num certo momento da vida… não dá sentido
humano a ela. Simplesmente é incapaz de cumprir o papel de compleitude,
pois o papel dele era provisório, tinha prazo de validade, funcionava
por um tempo – e o que você acha que ele faria pelo resto de seus dias
ele é incapaz de fazer: ser AMOR.
Para ser honesto e cruel, falando friamente não haveria razão lógica
ou emocional para ele continuar ali. Mas você é um bom cristão, então
divórcio está fora de cogitação. Fica então um oco. E para sua surpresa
(hoje você não sabe disso, mas descobrirá) nem mesmo os filhos que ele
te deu preenchem esse vácuo, pois o tipo de amor paterno/materno é
absurdamente diferente do amor que precisamos dar e receber de um
homem/uma mulher. Vocé percebe que há um enorme rasgo e um
incomensurável vazio em suas entranhas. Elas foram devoradas e você nem
percebeu. Você quis matar a solidão e de repente se vê imerso numa
indissolúvel solidão a dois. Sim, Cazuza acertou nessa: solidão a dois
existe. E muito. E nossas igrejas estão abarrotadas delas.
Isso
é um fenômeno muito comum entre cristãos de diferentes faixas etárias.
Somos adestrados a casar. Achamos que é no outro que encontraremos nossa
felicidade, nossa compleitude. E, meu irmão, minha irmã… estamos
errados. Pois se o que buscamos é fugir da solidão, qualquer coisa ou
pessoa que acabe com nossa solidão serve. Se o objetivo é suprir
carência, qualquer um que nos chame de “meu amor” recebe o nosso sim.
Ou mesmo um filho que venha pelo meio do caminho achamos que suprirá
nossa carência ou aplacará nossa solidão.
Mas você, que é veterano e a essa altura já criou os filhos, percebe que eles foram embora cuidar de suas vidas, curtir seus amigos, viver seus amores, ter seus próprios filhos. E o que restou a você no ninho vazio foi aquela pessoa legal a quem tem que chamar todos os dias de “meu amor” e dormir ao seu lado na cama. Abraçado, se ainda sobrar algum sentimento nobre que te obrigue a fingir que ele é seu grande amor. Mas não é isso. Não é isso! Não é isso o que nos fará feliz, não é isso o que Deus deseja nem o que Ele planejou para os seus.
Mas você, que é veterano e a essa altura já criou os filhos, percebe que eles foram embora cuidar de suas vidas, curtir seus amigos, viver seus amores, ter seus próprios filhos. E o que restou a você no ninho vazio foi aquela pessoa legal a quem tem que chamar todos os dias de “meu amor” e dormir ao seu lado na cama. Abraçado, se ainda sobrar algum sentimento nobre que te obrigue a fingir que ele é seu grande amor. Mas não é isso. Não é isso! Não é isso o que nos fará feliz, não é isso o que Deus deseja nem o que Ele planejou para os seus.
Ossos e carne
Deus criou homem e mulher para se completarem. Para serem, como diz
Gn 2.23, “osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Para não
conseguirem viver um sem o outro. Se arrancarem os seus ossos veja se
consegue seguir vivendo sem eles. Arranque-se sua carne e veja quanto
tempo dura sem desfalecer. Deus criou homem e mulher que se unem em
casamento para viverem como um e morrerem como um. Casamento é uma coisa
muito séria.
Aliás, amor é uma coisa muito séria. Não é brincadeira. Não é
coisinha de poeta. E muitos de nós, especialmente nas igrejas, temos
vivido nossos amores como uma grande equação matemática. Algo frio:
preciso casar, é o que esperam de mim, não sei viver só, é o que todos
fazem, então pronto: subo ao cadafalso do altar, me entrego ao carrasco
do pastor e deixo que me executem. Mas, querido, querida, amor é razão,
mas também é emoção e ação. Amor é um milagre. Amor é uma força que
derrubou impérios, motivou guerras, gerou as maiores obras de arte da
história da humanidade. No amor há livros, no amor há pintura, há
escultura, há beleza e lágrimas. O amor é tão fundamental que ele é a
essência do Deus que é amor. Como tratar isso apenas matematicamente?
Racionalmente? Tratar o amor somente pela lógica seria ilógico.
Existe
amor verdadeiro. Existe amor que dura para sempre. É ou não é o que a
Biblia diz em 1 Co 13.8: “O amor jamais acaba”? Existe um amor, além do
de Cristo, que dá razão a um relacionamento. A uma vida. E esse amor
não será jamais ocupado por rolhas postas para vedar lacunas de solidão e
carência: só será preenchido por alguém que faça sua vida brilhar. Que
faça sua vida ser.
A notícia não muito agradável é que pode demorar anos para você
encontrar esse amor. Pode demorar muito tempo para chegar a pessoa que
preencherá não só suas lacunas, mas que se fundirá 100% à sua alma. E
esse é o problema. Não queremos esperar. Não suportamos a pressão. Não
suportamos a carência. Seu peso nos esmaga. Ela é mais forte do que nós.
A viúva negra tem um tamanho bem maior que o do macho. E muitos se
sentem impotentes diante dela. Por isso, sucumbem. E, mais à frente,
terão suas entranhas devoradas. Mas… naquele momento… Ah, que importa? A
viúva negra lhe chama de “meu amor”, acaricia seu ego e seus cabelos,
faz a solidão desaparecer. Lhe faz companhia. Manda flores. Ela te
seduz, te atrai, te enreda em sua teia.
Mas a viúva negra traz morte.Meu irmão, minha irmã. Eu e você vivemos numa sociedade que nos
empurra para a teia. Mas não importa quanto tempo demore para que você
encontre o amor. Na verdade, isso é o que menos importa, em se tratando
de amor. Veja o exemplo de Jacó, que sabia exatamente quem queria e
esperou o tempo que fosse: “Jacó trabalhou sete anos por Raquel, mas lhe pareceram poucos dias, pelo tanto que a amava” (Gn 29.20). Isso
é amor. Isso é verdade. Isso é tudo. Não troque o ouro puro do amor
verdadeiro, aquele que em termos humanos dará sentido a tudo o que você
viverá até chegar ao seu leito de morte, pelo latão enferrujado de uma
solidão suprida. Pela pobreza de uma carência afetiva aparentemente
resolvida. Por um nada travestido de alguma coisa.
Se
estiver em dúvida, pergunte ao macho da viúva negra, de olhos
esbugalhados e entranhas devoradas, se valeu a pena entrar naquela
relação apenas para suprir sua solidão e sua carência. Lembre-se que o
macho da viúva negra chegou à teia dela com um vazio na alma e com
tristeza no coração. Mas inteiro. E, depois que aquela relação se
consumou, tudo o que sobrou dele foi uma casca vazia, do que um dia foi
alguém carente sim, mas cheio de possibilidades e de potencial para
viver um grande amor. De viver uma VIDA. Nunca abra mão disso. Nunca.
Ou você estará se condenando voluntariamente à morte. A propósito, os
filhos daquela relação entre a viúva negra e o macho seguiram seus
rumos, foram viver suas vidas. A viúva negra também foi em frente, feliz
que só. O macho? Acabou a vida oco, seco, triste e morto.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
“O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor; 33 mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à esposa, 34 e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas do Senhor, para ser santa, assim no corpo como no espírito; a que se casou, porém, se preocupa com as coisas do mundo, de como agradar ao marido. 35 Digo isto em favor dos vossos próprios interesses; não que eu pretenda enredar-vos, mas somente para o que é decoroso e vos facilite o consagrar-vos, desimpedidamente, ao Senhor.” I Corintios 7.32-35.
ResponderExcluirMas qual a visão Bíblica sobre o estado de solteirice? A Bíblia nos ensina que para alguns ser solteiro é um dom de Deus, assim como o casamento também o é. Ambas as coisas são boas e Deus pode ser glorificado em qualquer uma delas. Todas as duas situações exigem dependência de Deus para serem vividas fielmente a Ele.
Por Favor Igrejas, alertem os Cristãos sobre algo muito grave que está acontecendo!
ResponderExcluirAs novelas estão ensinando de forma sutil que defender a família tradicional é preconceito!
Estão ensinando que defender o que está na Bíblia é intolerância! Em pouco tempo os Cristão serão vistos como um bando de
preconceituosos e intolerantes. As novelas colocam como certo muitas coisas que a palavra de Deus ensina que é errado.
Quando você assiste, está patrocinando isso, pois eles dependem da sua audiencia! Alertem os Cristãos!