sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Rambo volta para Salvar Missionários

"Viver por nada ou morrer por algo. Vocês escolhem". A frase de John Rambo, interpretado pelo vovô Sylvester Stallone, 61, para mercenários contratados para resgatar um grupo de missionários em Mianmar (antiga Birmânia), retrata o que pensam aqueles que nascem para matar: a guerra estará sempre no sangue.

E é esta a lógica que faz Rambo voltar a uma zona de conflito 20 anos depois do último filme, "Rambo 3" (1988), onde o herói resgata um amigo no Afeganistão invadido pelos soviéticos.

Para encerrar a trajetória de um dos mais conhecidos personagens do cinema, Stallone queria um conflito desconhecido. Nada de Darfur, Iraque, Colômbia ou Afeganistão. "Perguntei para a revista 'Soldier of Fortune' e para as Nações Unidas qual seria o mais devastador abuso dos direitos humanos e o menos divulgado do mundo, e me disseram que era Mianmar", explicou o ator, diretor e roteirista de "Rambo 4" em entrevista durante as filmagens.

No filme, que estréia nos cinemas brasileiros na próxima sexta-feira (29), o guerreiro solitário, recolhido na Tailândia, é um barqueiro no rio Salween, o mais longo rio da Ásia e localizado na fronteira com Mianmar. Na região ocorre a mais longa "guerra civil": há 60 anos, a tribo Karen luta contra o Exército pela independência da minoria étnica, em meio a uma onda de repressão, assassinatos, torturas, mutilações e execuções orquestradas pelos militares, que comandam com mãos de ferro o país desde 1962, quando um golpe de Estado derrubou o governo civil.

Com ação do começo ao fim, mantendo o espectador atento, Stallone está com a fisionomia cansada em "Rambo 4", mas mantém o pique dos filmes anteriores, até mesmo nas partes em que questiona o seu destino como matador. A produção não traz apenas "mais do mesmo", com a violência pela violência, mas tem uma mensagem política, em conversas onde Rambo diz acreditar que só remédios, bíblias e ajuda humanitária não podem acabar com as guerras.

Vivendo com simplicidade nas montanhas após ter desistido de lutar, Rambo é procurado por missionários cristãos que o convencem a guiá-los pelo rio Salween acima, a única porta de entrada em Mianmar. Nas mãos de Stallone, Sarah (Julie Benz), Michael Bennett (Paul Schulze) e outros médicos chegam a salvo a uma localidade da tribo Karen para distribuir ajuda humanitária, mas são capturados pelo Exército.

Rambo reluta, mas encara a última missão: levar mercenários contratados pela igreja cristã para resgatar os missionários norte-americanos. Um integrante da União Nacional Karen (UNK), guerrilha com maior capacidade militar do país, os conduz até a região onde a tribo fora dizimada e os pregadores presos.

Cabeças decepadas, corpos mutilados sendo consumidos pelas moscas, pernas amputadas e pessoas em chamas. O horror e a destruição assustam até mesmo os ex-combatentes da guerra do Vietnã, que relutam em continuar. Soldados transformam os birmaneses em brinquedos, e apostam qual dos capturados sobrevive a uma corrida em campo minado. E eis que surge Rambo, o "exército de um homem só", matando todos os soldados e orquestrando um plano para o resgate dos missionários na base com cerca de 500 homens de infantaria do Exército.

Em meio à violência da realidade no interior de Mianmar, Rambo cumpre a incumbência de salvar os missionários, degolando com as mãos um militar que tentava estuprar a mocinha do filme, Sarah, e matando seu arqui-rival, um general sádico que aproveita para fumar enquanto observa a matança promovida por seus comandados.

"Ao salvar Sarah e os missionários, ele está salvando parte dele mesmo", diz Stallone, em comunicado. "A agressão de Rambo não é super-humana. É humana, brutal, real", afirma o produtor Kevin King, sobre as críticas pelas cenas violentas - com efeitos computadorizados bem feitos.

Com perfeito jogo de luzes e cenas emocionantes, "Rambo 4" denuncia um conflito ignorado pelos holofotes e que voltou às manchetes em junho de 2007, quando o Exército birmanês reprimiu com violência manifestações de monges budistas contra os abusos aos direitos humanos e à liberdade no país. O mundo viu imagens de corpos mutilados boiando em rios e um fotógrafo sendo assassinado durante passeata nas ruas. A ONU foi impedida de investigar os abusos e a crise continua até hoje.

Ameaças de morte

Em Londres, Stallone contou que recebeu ameaças de morte enquanto rodava o filme. "É uma parte do mundo muito perigosa. Um monte de gente realmente desaparece por ali e você sabe que muitos não queriam que esse filme fosse realizado", explica Stallone.

"As guerras civis continuam por 60 anos e ninguém sabe a real verdade porque eles pagam uma fortuna para manter tudo isso em silêncio", disparou o astro.

Revitalizando a franquia

Aos 61 anos, Stallone levantou polêmicas com o lançamento de Rambo 4, não só por revitalizar a franquia como também por falar abertamente sobre questões pessoais nas filmagens do longa-metragem. O ator confessou ter usado um tipo de anabolizante para manter a forma e defendeu o uso da substância. "Em dez anos todo mundo vai buscar ajuda nesses métodos", disse ele no lançamento oficial do filme nos Estados Unidos.

O primeiro filme da série Rambo foi lançado em 1982 e ganhou seqüências em 1985 e 1988. "Estou me sentindo com 20 anos novamente. A diferença é a artrite que eu tenho", brincou.

Embora não tenha conseguido muito alarde nos Estados Unidos, Rambo 4 trouxe muita atenção na Europa e chegou a ter exibições realizadas até mesmo na EuroDisney.

A obsessão pelo herói garantiu a Stallone a coragem de lançar mais um filme da série, que deve ficar pronto em 2010. Atraído por polêmicas e dizendo estar no "ápice de sua carreira", o ator quer ir até Mianmar desafiar a junta militar por abusos dos direitos humanos.

"Este povo incrivelmente valente encontrou uma espécie de voz, de maneira muito estranha, no cinema norte-americano. Na verdade, eles utilizaram algumas das falas do filme nas manifestações realizadas por lá", afirmou.

Rambo 4 tem sido comercializado em Rangun por vendedores ambulantes, mas a venda do filme vem sendo perseguida pela polícia. Ele teria sido responsável por algumas manifestações realizadas no país nas últimas semanas.

Imagem: moviesmedia
Fonte: Folha Online / Paraíba.com.br / Estadão

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Modelo troca passarelas pelo sonho de ser pastora

Ela é alta (1.80 metro), magra, londrinense e provavelmente você já a viu em algum outdoor, desfile ou campanha publicitária. Aos 29 anos, Karime Salle tem um portfólio dos mais invejáveis, como modelo. Após assistir a um programa de TV da Igreja Assembléia de Deus do Bom Retiro, jogou tudo para o alto em nome de um sonho: ser pastora.

''Tive uma infância saudável, morava perto do Instituto e Seminário Bíblico de Londrina (ISBL), onde residiam alguns missionários norte-americanos. Essa convivência foi de extrema importância na formação cristã e moral de minha família'', afirma Karime, que foi criada pelo pai, o jornalista e advogado Omar Abes Salle, falecido há dois anos.

Ao relembrar sua trajetória em solo pé-vermelho, Karime não esconde a emoção. ''Tive uma educação muito rígida e um pai excelente, que, além de optar pelos filhos e dedicar sua vida a eles, sempre nos incentivou a participar da igreja e ter uma educação cristã''.

Com rosto, estatura e físico em dia - esculpido por anos de dedicação ao ballet clássico -, a londrinense despertou os olhares dos bookers e proprietários de agências de modelo. ''As pessoas sempre me incentivavam a seguir esse trajeto, mas via a carreira de modelo de uma forma preconceituosa'', entrega.

O DNA também conspirava a favor. ''Meu pai foi garoto-propaganda de uma pasta dental e minha mãe, Miss Bela Vista do Paraíso, e ficou em segundo lugar no Miss Paraná. Acho que se trata de um dom de família'', diz, aos risos.

A carreira

Estaria a boa aluna - que, na escola, volta e meia era eleita presidente de sala - pronta para estrear no universo fashion? Ainda não. ''Aos 16 anos, após uma experiência pessoal com Deus, passei a me preocupar em levar as pessoas ao entendimento de Deus: reuni um grupo de pessoas cristãs da escola e pedi à diretora permissão para fazer um trabalho de evangelização no colégio'', recorda, ao citar aqueles que hoje atuam como pastores e missionários.

Aos 21 anos, ''não tão cedo'', como faz questão de enfatizar, Karime não resistiu ao convite e se somou ao time de modelos de uma agência de Londrina. ''Decidi encarar, mesmo não acreditando em meu potencial, tirei o DRT e fiz inúmeros trabalhos''.

O período modelando serviu como uma ducha de água fria nos preconceitos de outrora. ''Com o passar do tempo, aprendi a não rotular as pessoas, pois tinha uma idéia errada desse meio. Infelizmente, a mídia passa uma idéia negativa a respeito das modelos. Para completar, muitas prostitutas se apresentam como modelos, distorcendo a imagem da profissão. Acontece que, em qualquer lugar, existem pessoas e pessoas. Muitas delas, aliás, além de bonitas, são distintas e inteligentes. Sempre digo: modelo é um cabide que não foi feito para andar pelado!'', acentua.

Com algumas dificuldades, Karime conciliava, à época, a faculdade de marketing & propaganda com o vaivém das passarelas. ''Comecei a conhecer novos amigos, a frequentar outros ambientes. Precisava trabalhar e estudar. Quando menos esperei, estava totalmente afastada de Deus, iludindo-me com as coisas que o mundo oferece''.

A virada veio aos 26 anos. ''Um dia quis voar mais alto. Saí de Londrina para São Paulo com objetivo de terminar a faculdade e entrar em uma grande agência''. Em pouco tempo, a londrinense - que chegou a recusar alguns trabalhos, por achar ''que não convinham'' - acumulou aparições em show-rooms, passarelas, revistas, catálogos e comerciais. ''Fui, então, convidada a ingressar na agência Ford Models. Ali, sem eu saber, tudo começou a mudar''.

O chamado

Após assistir a um programa de TV da Igreja Assembléia de Deus do Bom Retiro, Karime decidiu conhecer e congregar na Igreja. Foi sintonia à primeira vista. ''Fiz muitas amizades e pouco tempo depois me convidaram para um acampamento de jovens da Igreja''.

De pronto, Karime não aceitou. ''Estava com alguns compromissos marcados e por um deles, inclusive, o cachê era alto. Mas, naquela semana, Deus falou comigo e me disse que meu futuro marido estaria naquele acampamento. Desmarquei tudo e fui''.

O desfecho da história completou dois anos, recentemente. Em nove meses, a londrinense e o pastor Rubens Avelino - ele, de 32 anos, natural de Guarulhos -, subiam ao altar. ''Deus estava certo. Nunca encontrei alguém que se encaixasse tanto comigo. Estou passando a melhor fase de minha vida, ao lado dele'', derrete-se.

Depois de casada, Karime deu um ponto final à carreira como modelo. ''Abandonei tudo para me dedicar à obra de Deus. Fomos convidados pela Igreja sede, de São Paulo, a dirigir uma filial em Bragança Paulista. Topamos e estamos trabalhando juntos, aliás, aprendi que o trabalho pastoral não é uma profissão e sim um chamado de Deus''.

Os projetos

Entre as atribuições de Karime e do marido estão dois programas de rádio, apresentados diariamente, e um trabalho de TV. ''Estou com um projeto inovador em Bragança Paulista: quero formar um Espaço Jovem, que será um lugar para jovens cristãos se divertirem, com um ambiente moderno e saudável, sem bebidas alcoólicas''.

Afeita a estudar os alimentos, Karime deu início às aulas pela faculdade de nutrição, em São Paulo, na última terça. Saudades dos tempos de modelo? ''Não sinto falta das coisas que se passaram, vivo um tempo novo em minha vida e estou muito mais feliz. Guardo no coração e na memória as muitas coisas boas que vivi''.

Fonte: ADIBERJ / Folha de Londrina
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