segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Quando devo me livrar de meu smartphone?


Josh, na Carolina do Sul, quer saber quando é a hora de deixar o smartphone para usar um “burrofone”? Arlene, do norte da Flórida, pergunta: “Pastor John, eu ouvi o pastor Matt Chandler dizer diversas vezes que o nosso amor – e vício- em tecnologia tem-nos feito nervosos e impacientes. Eu vejo isso em mim no meu casamento e na criação dos meus filhos . 

O meu iPhone pode ser a razão pela qual eu não tenho perseverado na fé? Se sim, como faço para que isso pare de acontecer?” Duas questões importantes na mesa. Bem, primeiro em resposta a Arlene – se o meu iPhone pode ser a razão de eu não perseverar – esse é o texto bíblico que me veio à mente: 2 Timóteo 4.10. “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou”, diz Paulo, “e se foi para Tessalônica”. 

O surpreendente é Demas ser mencionado outras duas vezes nos escritos de Paulo, antes disso. Em Filemon 1.23-24 é dito: “Saúdam-te Epafras, prisioneiro comigo, em Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores”. Então, Demas é um companheiro de trabalho de Paulo no ministério. E em Colossenses 4.14, diz: “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também Demas”. 

Este está presente em três epístolas e, em duas delas, é um companheiro de trabalho e, em uma, foi embora. Desertou. “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou.” Bom, eu não sei. Nós não sabemos se Demas se arrependeu. Talvez sim. Eu espero que sim. Mas, até onde a gente sabe, Demas não perseverou na fé. E, aparentemente, ele provou ser um falso cristão. E isso acontece. 

Já vimos isso na vida real, em nossos dias. E a razão pela qual ele abandonou e naufragou aparenta ser o amor por este mundo. Mas como isso se relaciona com a pergunta da Arlene? O iPhone dela está, de certa forma, fazendo com que ela fique nervosa e impaciente com seus filhos e com seu marido, então ela está corretamente perguntando: “Será que meu iPhone é a razão pela qual eu não tenho perseverado?” 

Logo, a resposta seria que o mundo não destruiu Demas; mas o seu amor pelo mundo que o destruiu. Um iPhone não pode – e não vai – destruir um casamento, uma mãe ou uma alma. Mas o amor pelo que está no iPhone é que vai. Eu não acho que o Senhor dirá a alguém no Dia do Julgamento: “eu nunca te conheci porque você tem um iPhone”. Mas ele pode dizer: “eu nunca te conheci, porque você amou mais ficar no Facebook e comprando online do que a mim”. 

Quando Jesus, em Mateus 5.29, disse: “ Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno”, ele estava falando principalmente sobre pecados sexuais. Mas o princípio, para mim, pode ser aplicado a qualquer atração destrutiva. Nós devemos dar passos radicais contra coisas que intrinsecamente são neutras ou boas com o fim de lutar contra o que é mal em nossos corações. Por que arrancar fora seu olho quando ele não é o problema? O problema é a luxúria! 

Bem, como o olho é cúmplice, o telefone também o é. É melhor arrancar o olho fora do que ser jogado no inferno. Pobre do olho. Melhor dizendo: Deus criou o olho para um bom propósito. Ele é bom. Essa é a forma radical de Jesus dizer: “você tem que fazer o que for necessário, dispensando até mesmo coisas boas com o fim de evitar o que é mau. Esse ponto leva-nos ao Josh, já que as questões são muito similares. Ele perguntou: “seria muito radical rejeitar a tecnologia e a maré da cultura, indo de volta para o celular básico, daqueles de flip” – acho que é isso o que ele quis dizer. E aqui está a minha resposta: provavelmente não é mais extremo que arrancar os seus olhos. 

Então Josh pergunta: “bem, quando é a hora certa de fazer isso, de largar o meu smartphone?” E a Arlene pergunta: “como evitar que o meu iPhone ameace minha perseverança na fé?” Meu palpite é que alguém irá dizer: “veja, Piper. Se o telefone não é o problema, mas meu coração que o é, então não faz sentido largar o telefone”. 

Então respondo: “Não, não é sem sentido deixar o telefone”. Se isso for tudo o que você pretende fazer, então é inútil, mas nós estamos sempre lutando em duas frentes na batalha pela santidade. Nós estamos lutando na frente interna do coração – a qual deve ser satisfeita em Jesus, para vê-lo claramente, amá-lo profundamente e segui-lo tão de perto que nada, nem um smartphone consiga nos controlar. 

Nada pode nos controlar, senão Jesus. Obviamente, esse é o campo de batalha principal. Ame mais a Jesus e você não será escravo do seu smartphone. Mas, biblicamente, nós estamos lutando, também, na frente externa, para remover ou evitar tropeços à nossa fé. Percebe? Em Romanos 13.14, nós lemos: “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Viciados em drogas, não brinquem com agulhas. Alcoólatras, não mantenham estoque de bebidas. 

Olhos sexualmente carregados, coloquem proteções em seus computadores e viciados em smartphones que estão jogando suas vidas fora ou que estão desperdiçando dinheiro ou que estão se tornando irritáveis, bravos e impacientes, voltem a usar celular de flip. Isso não é antibíblico. Isso não é legalismo. Isso é sabedoria. Isso é lutar em todas as frentes pela santidade, no poder do Espírito Santo, por seu coração, pelo Senhor e pela sua família. 

É totalmente legítimo, eu diria, livrar-se de uma tecnologia em particular que esteja característica e cronicamente afetando você. Isso seria uma atitude bem inteligente. E quando começar? O que posso dizer é: ore e peça ao Senhor para que fique claro quando você deve tomar esse passo. Fale com pessoas sábias, maduras e espirituais da sua igreja, aqueles que lhe conhecem melhor, e procure os conselhos deles. 

 E, para terminar, sempre direcione o seu principal esforço espiritual em conhecer, amar e confiar em Cristo. Livrar-se das más influências não faz ninguém amar a Cristo por si só. A verdadeira libertação da escravidão da tecnologia não vem em jogá-la fora, mas em encher-se das glórias de Jesus, as quais você tem substituído pelos prazeres do smartphone. Lute contra o enganador e fugaz prazer do iPhone com a verdade, com os prazeres duradouros de conhecer e ser cuidado por Cristo. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Amor, a verdadeira marca do cristão

 

O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 13, fala sobre três aspectos do amor, a verdadeira marca do cristão. Vamos examinar esses três aspectos: 

1) Em primeiro lugar, a superioridade do amor (1Co 13.1-3)

Depois de tratar dos dons espirituais, Paulo aborda um caminho sobremodo excelente. Em 1 Coríntios 13.1-3, fala da superioridade do amor sobre os dons espirituais. O que caracteriza a verdadeira espiritualidade é amor e não os dons. A igreja de Corinto tinha todos os dons, mas era imatura espiritualmente. Conhecemos um cristão maduro pelo fruto do Espírito e não pelos dons do Espírito. No texto em apreço, Paulo diz que o amor é superior ao dom de variedade de línguas (1Co 13.1), ao dom de profecia (1Co 13.2), ao dom de conhecimento (1Co 13.2), ao dom da fé (1Co 13.2), ao dom de contribuição (1Co 13.3) e até mesmo ao martírio (1Co 13.3). 

Sem amor os dons podem ser um festival de competição em vez de ser uma plataforma de serviço. Sem amor nossas palavras, por mais eloquentes, produzem um som confuso e incerto. Sem amor, mesmo que ostentando os dons mais excelentes como profecia, conhecimento e fé nada seremos. Sem amor nossas ofertas podem ser egoístas, visando apenas nosso engrandecimento em vez da glória de Deus e o bem do próximo. Sem amor nossos gestos mais extremos de abnegação, como o próprio martírio de nada nos aproveitará. O amor dá sentido à vida e direção na caminhada. Quem ama vive na luz, conhece a Deus e se torna conhecido como discípulo de Jesus. 

2) Em segundo lugar, as virtudes do amor (1Co 13.4-8)

Como podemos descrever as virtudes do amor? Nesse mais importante texto sobre o amor, o apóstolo Paulo nos oferece uma completa definição. Primeiro, o amor é conhecido por aquilo que ele é: o amor é paciente e benigno. Segundo, o amor é conhecido por aquilo que ele não faz: o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça. Terceiro, o amor é conhecido por aquilo que ele faz: O amor regozija-se com a verdade. 

Quarto, o amor, também, é conhecido por aquilo que ele é capaz de enfrentar na jornada da vida: o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Finalmente, o amor é conhecido pela sua indestrutibilidade: O amor jamais acaba; mas havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará. O amor é a maior das virtudes, o maior dos mandamentos, o cumprimento da lei de Deus. O amor é a maior evidência de maturidade espiritual, a mais eloquente comprovação do discipulado e a garantia mais sólida da genuína conversão. 

3) Em terceiro lugar, a perenidade do amor (1Co 13.9-13)

O amor jamais vai acabar porque, agora, em parte conhecemos e, em parte, profetizamos. Porém, quando Jesus voltar em sua majestade e glória, inaugurando o que é perfeito; então, o que é em parte, será aniquilado. Agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Quando Jesus voltar e recebermos um corpo imortal, incorruptível, glorioso, poderoso, espiritual, celestial, semelhante ao corpo de sua glória, então, conheceremos como também somos conhecidos. Agora, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor. 

No céu não precisaremos mais de fé nem mesmo de esperança, porém, o amor será o oxigênio do céu, o fundamento de todas as nossas relações pelo desdobrar da eternidade. Porque Deus é eterno e amor, o amor dura para sempre. Ainda que o sol pudesse perder sua luz e sua claridade; ainda que as estrelas deixassem de brilhar no firmamento; ainda que os mares secassem e os prados verdejantes se tornassem desertos tórridos, ainda assim, o amor continuaria sobranceiro, vivo e vitorioso para sempre e sempre. O amor jamais acaba. O amor é a verdadeira marca do cristão, desde agora e para sempre! 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Das profundezas clamo a ti, Senhor


A superficialidade nos afasta de Deus e da oração. No entanto, toda a busca por significado, aprofundamento dos desejos e consciência da beleza ou do sofrimento nos aproxima de Deus e da oração. A verdadeira oração não é simplesmente aquilo que nossos lábios dizem, mas o que o coração clama. É o grito das profundezas, pois existe uma correspondência entre o interior do coração e as alturas do céu. 

João Crisóstomo disse: “Por oração, não entendo a que está apenas nos lábios, mas a que brota do fundo do coração. De fato, assim como as árvores de raízes profundas não são quebradas nem arrancadas pelas tempestades, […] as orações que vêm do fundo do coração, assim enraizadas, sobem ao céu com toda a confiança e não são desviadas pelo assédio de nenhum pensamento. Por isso, o Salmo 130 diz: ‘Das profundezas clamo a ti, Senhor’”. 

Muitos resistem à prática da oração porque são superficiais. Evitam entrar em contato com os desejos mais profundos da alma, fogem da dor e do sofrimento, são insensíveis à beleza, impacientes com o silêncio, temem a transformação e insistem em permanecer no controle de todas as coisas. Aprendem a usar Deus e não a amá-lo. 

Querem um Deus que resolva seus problemas, mas não desejam submeter-se a ele. Não reconhecem suas fraquezas e seus medos. C. S. Lewis disse: “Eu oro porque não posso me ajudar. Eu oro porque estou desamparado. Eu oro porque a necessidade flui em mim o tempo todo, dormindo ou acordado. Isso não muda Deus. Isso me muda”. 

 A oração envolve uma escuta silenciosa daqueles que buscam sentido e orientação. Pode ser também um grito de desespero clamando por socorro em meio à angústia. Muitas vezes ela se mostra numa celebração gloriosa diante da contemplação da beleza. Ou pode ser um lamento triste diante do mistério da perda e da morte. 

A oração brota das profundezas da alma e desperta nossa consciência para a presença, o amor, o cuidado e a bondade de Deus. Santo Agostinho disse que Deus é “mais interior a nós do que nós mesmos”. A oração nos atrai para ele. Precisamos da oração para entrar e participar desta comunhão gloriosa com nosso Senhor. Dionísio Areopagita apresenta uma imagem muito rica para esta união com Deus. 

É como “se estivéssemos num barco e nos tivessem jogado, para socorrer-nos, cordas presas a um rochedo. É evidente que não puxaríamos para nós o rochedo, mas nós mesmos, com o nosso barco, é que seríamos puxados até ele. […] Por isso […] é preciso começar pela oração, não para atrair para nós esse Poder […] mas para colocar-nos em suas mãos e unir-nos a ele […]”. 

Nossas orações nascem de um coração “compungido” e “contrito”, é o suspiro da “corça pelas correntes de águas”, é o anseio da alma que tem sede de Deus, a busca da “ovelha” por pastos verdejantes e águas de descanso. 

Ao orar, precisamos lembrar que “aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”. Se Deus nos deu o que tem de mais precioso, seu Filho unigênito, haveria alguma coisa que ele nos negaria? “Das profundezas clamo a ti, Senhor.” 

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